ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 27-11-2008.

 


Aos vinte e sete dias do mês de novembro do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Márcio Bins Ely, Maristela Maffei, Neuza Canabarro, Professor Garcia e Sebastião Melo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Beto Moesch, Carlos Comassetto, Claudio Sebenelo, Dr. Raul, Elias Vidal, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Mario Fraga, Maurício Dziedricki e Nilo Santos e a Vereadora Sofia Cavedon. À MESA, foram encaminhados, pelo Vereador Nereu D’Avila, os Projetos de Lei do Legislativo nos 259, 262, 263 e 264/08 (Processos nos 6399, 6487, 6488 e 6489/08, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios no 1250713/08, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; nº 076/08, da Senhora Leoni de Oliveira Pereira, Coordenadora-Geral dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre; Comunicado nº 180725/08, do Senhor Daniel Silva Balaban, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. A seguir, por solicitação do Vereador João Antonio Dib, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma à Senhora Ubaldina Paiva Fillipi, esposa do Senhor Adaury Pinto Filippi, ex-Presidente deste Legislativo, falecida ontem. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Haidê Allegretti Venzon e ao Frei Luciano Elias Bruxel, do Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente – MDCA –, que discorreram sobre programas de trabalho educativo com geração de renda desenvolvidos pelo MDCA em parceria com a Escola de Ensino Fundamental Frei Pacífico. Sobre o assunto, destacaram a importância da criação de oportunidades de ensino e profissionalização da juventude, solicitando apoio dos Senhores Vereadores para que seja garantida a manutenção e ampliação de convênios e projetos sociais atualmente vigentes nessa área. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, a Vereadora Sofia Cavedon e os Vereadores Haroldo de Souza, João Carlos Nedel e Ervino Besson manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sofia Cavedon, dando continuidade à sua manifestação nos termos do artigo 206 do Regimento, citou programas desenvolvidos por este Legislativo, direcionados à criação de oportunidades de aprendizado e sustento para adolescentes. Nesse sentido, elogiou o trabalho do MDCA na construção de alternativas concretas de renda, vinculadas à permanência do jovem na escola e a um contínuo acompanhamento pedagógico e social. O Vereador Claudio Sebenelo discorreu a respeito da necessidade de ações públicas para o desenvolvimento da educação infantil, citando a inauguração de trinta e nove creches no Município até o final deste ano como um avanço importante no amparo às famílias e crianças carentes. Nesse sentido, afirmou que, apesar de algumas iniciativas bem intencionadas, a situação de desamparo vivida por cerca de dezessete milhões de crianças sem educação no País ainda é preocupante. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, o Vereador Professor Garcia prestou informações a respeito dos procedimentos previstos pelo Governo Municipal para a solução de problemas que atingem o Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente, como a aquisição de uma sede definitiva e convênios a serem assinados com o objetivo de prestar assistência social e técnica às crianças abrigadas nessa entidade. Às quatorze horas e quarenta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e nove minutos, constatada a existência de quórum. Na oportunidade, o Senhor Presidente convidou os Vereadores para a solenidade de inauguração da nova sala do Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre, a ser realizada a seguir. Às quatorze horas e cinqüenta minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e nove minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Carlos Nedel frisou a importância dos projetos a serem apreciados por este Legislativo no próximo mês e referiu-se às enchentes ocorridas este ano no Estado de Santa Catarina. Ainda, leu trechos de artigo hoje publicado no Jornal do Comércio pelo Vereador Adeli Sell e de Nota de Esclarecimento publicada ontem na imprensa pela proprietária do terreno conhecido como Pontal do Estaleiro, acerca do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 006/08. Após, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea “g”, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao Vereador Carlos Comassetto, que relatou sua participação, em Representação Externa deste Legislativo, nos dias vinte e cinco e vinte e seis de novembro do corrente, em audiências nos Ministérios da Educação e das Cidades e no Gabinete da Presidência da República, em Brasília – DF. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Comassetto, dando continuidade ao seu pronunciamento em Tempo Especial, citou informações recebidas de integrantes do Governo Federal, segundo as quais a liberação de verbas disponíveis para a Cidade depende da apresentação de projetos de investimentos pelo Governo Municipal. Também, saudou a definição de Porto Alegre para sediar eventos de tecnologia ligados à Feira Mundial de Tecnologia e Informação – CeBit. O Vereador Aldacir Oliboni, em tempo cedido pelo Vereador Carlos Todeschini, registrou o transcurso, hoje, do Dia Nacional de Ação de Graças, lembrando ajuda recebida pela população do Estado de Santa Catarina, em face da ocorrência de enchentes. Além disso, manifestou-se sobre o Centro Popular de Compras de Porto Alegre e, finalizando, convidou para Audiência Pública programada por esta Casa, para debate de questões atinentes ao Programa de Saúde da Família do Município. O Vereador Claudio Sebenelo discorreu acerca da tragédia que acometeu o Estado de Santa Catarina em função das fortes chuvas ocorridas nos últimos dias, ressaltando que a ação devastadora do homem sobre o meio ambiente tem a ver com os resultados verificados ultimamente no Planeta. Sobre o assunto, lembrou que o desmatamento cada vez maior da vegetação nativa, bem como o turismo predatório e a industrialização inconseqüente são os principais responsáveis por fatos desse tipo. O Vereador Beto Moesch lembrou que fenômenos climáticos antes inexistentes na Região Metropolitana de Porto Alegre, como dois tornados ocorridos neste ano, são reflexos de mudanças climáticas que afetam a Terra como um todo e cujas causas precisam ser melhor estudadas. Sobre o tema, defendeu o reassentamento de famílias que habitam em Áreas de Preservação Permanente, como morros e beiras de rios, alegando que edificações nessas regiões são proibidas por lei em todo o País. A seguir, em face de Licença para Tratamento de Saúde do Vereador Dr. Goulart, apregoada no dia de ontem, o Senhor Presidente declarou empossado na vereança o Suplente Mario Fraga, do dia de hoje ao dia dois de dezembro do corrente, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Também, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Mauro Zacher, solicitando Licença para Tratamento de Saúde do dia de hoje ao dia primeiro de dezembro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Márcio Bins Ely, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães, em tempo cedido pelo Vereador Dr. Goulart, referindo-se à calamidade que ocorreu em Santa Catarina em virtude das chuvas dos últimos dias naquele Estado, externou sua preocupação com as conseqüências negativas das agressões à natureza perpetradas em todo o Planeta. Sobre o assunto, afirmou que é chegada a hora de o homem se conscientizar definitivamente de que o respeito à natureza é fundamental para a manutenção da vida. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, o Vereador Guilherme Barbosa comentou a falta de providências relativamente a denúncias apresentadas por Sua Excelência, de assédio moral e compras de bebida alcoólica por parte de funcionários de órgãos do Governo Municipal. Ainda, reportou-se a atraso no reassentamento de moradores da Vila do Chocolatão, localizada nas proximidades deste Legislativo, alegando que a precariedade das condições de vida naquela comunidade exigem solução urgente sobre o assunto. Às dezesseis horas e dezoito minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Haroldo de Souza, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo, Claudio Sebenelo e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que eu, Ervino Besson, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, peço um minuto de silêncio em memória de Dina Paiva Filippi, falecida ontem; era esposa do ex-Presidente desta Casa, Secretário no meu Governo, ex-Vereador Adaury Pinto Filippi.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Deferido seu Requerimento, Vereador.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Tribuna Popular de hoje refere-se a assunto relativo ao Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente. Convido para compor a Mesa os representantes do Movimento: Srª Haidê Allegretti Venzon, Presidente, e o Sr. Frei Luciano Elias Bruxel. Agradecemos pelas suas presenças.

Quero cumprimentar todas as pessoas que acompanham os senhores aqui nesta Tribuna Popular; são todos muito bem-vindos ao Legislativo. Com certeza será uma agenda positiva, qualificadora, a que esta Casa se somará. O tempo regimental de 10 minutos será divido entre os dois oradores. A Srª Haidê Venzon está com a palavra.

 

A SRA. HAIDÊ ALLEGRETTI VENZON: Boa-tarde à Mesa dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; um destaque às instituições que hoje comparecem a esta Sessão Plenária, e, em especial, ao Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente e à Escola Frei Pacífico, nossa parceira nesse projeto.

Nós usamos da Tribuna Popular, hoje, para falar de fatos que envolvem diretamente os programas de trabalho educativo inspirados ou baseados no ECA, nos arts. 68 e 69, mas, antes de nós falarmos dos programas e convênios de trabalho educativo, nós gostaríamos, neste momento, de fazer uma breve reflexão sobre alguns princípios constitucionais e de dizer que estamos aqui usando da palavra, pelo que diz o parágrafo único do art. 1º da Constituição, qual seja, que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. E, na forma direta, os constituintes incluíram toda a população, todo o povo. Mais adiante a Constituição vai dizer, no art. 224, que a participação da população se dá através das organizações sociais, que devem discutir e formular políticas públicas e controle das ações. Portanto, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, integrantes do Fórum, adolescentes que aqui estão hoje, estamos exercendo o nosso direito de participação das instituições. Rapidamente, nós também gostaríamos de falar de um princípio constitucional que está nos arts. 1º e 3º, que fala da igualdade de todos - e da importância dessa igualdade - e da dignidade do ser humano. Então, em nome desse princípio da igualdade, que nós traduzimos por eqüidade, nós lutamos todos os dias pela igualdade de condições de acesso a todos os direitos, pelo respeito às diferenças. E, nesse princípio da eqüidade, nós estamos incluindo, aqui, os jovens chamados “surdos”, mas são jovens que usam outra língua, uma outra forma de comunicação, e estão aqui com a sua intérprete, para poderem acompanhar esta Sessão e ter o sentido de pertencimento. Este é o princípio da eqüidade na prática e no cotidiano. Este princípio nós gostaríamos de lembrar depois, no decorrer da nossa fala, e ainda reafirmar, como disse o Boaventura, que nós temos que lutar pela igualdade sempre que a diferença nos inferioriza, e que nós temos que lutar pela diferença quando a igualdade nos descaracteriza.

E ainda falando em leis, nós gostaríamos de trazer aqui este exemplar da Lei Municipal nº 6.787/91, que regulamentou o Estatuto da Criança em Porto Alegre. (Mostra o exemplar.) Foi a partir dessa Lei que foram criados os Conselhos de Direito, os Conselhos Tutelares, o Fundo Municipal, e o próprio Fórum está nesta Lei. Gostaria de destacar que esta Lei foi aprovada pela unanimidade dos Vereadores.

Gostaria de dizer que o nosso Fórum, fundado em 1991, fez uma construção coletiva, e quando a LBA fechou, foram as entidades que se mobilizaram para criar os primeiros convênios de creche. E, na seqüência, nós continuamos a buscar apoio do Poder Público para firmar esses convênios. E hoje qual é a nossa situação? Nós temos em torno de 12 mil crianças na Educação Infantil. Vocês sabem quantos adolescentes nós temos no trabalho educativo? Apenas 1.200! À medida que as crianças crescem, os programas vão diminuindo. Será que diminuem as necessidades de atendimento? Essa é uma informação que nós gostaríamos de trazer aqui para a plenária, porque é nesse sentido que nós vamos falar.

Já que falamos também em nome do MDCA - Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente -, eu queria mostrar para esta plenária a casinha onde começamos há 20 anos. (Mostra fotografia.) Hoje temos 19 anos de idade oficial, porque nos registramos em 1989. Foram longos os caminhos que trilhamos para poder dar atendimento às crianças e aos adolescentes de nossa instituição, bem como trabalharmos para ampliar a política em toda a Cidade. Mas vocês poderiam dizer que não estão aqui só para ouvir falar de leis que garantem direitos, e que muita gente está preocupada em efetivá-los na prática; vocês poderiam dizer que podemos falar sobre outros assuntos, de que forma poderiam se apresentar as propostas que ainda hoje queremos fazer?!

Eu gostaria de passar à fala seguinte, e vou fazê-lo através de uma história - afinal uma senhora de uma certa idade está mais para contar histórias do que se meter a falar de leis, quando há tantos advogados por aí. A história que eu queria contar para vocês não é bem como uma história do meu tempo em que o príncipe e a princesa se casaram e foram felizes para sempre. Eu vou contar uma história que aconteceu conosco, uma história de uma “união estável”, para usar um termo mais atual. Como essa “união estável” começou? Nós desenvolvíamos trabalhos, cursos na área de cozinha com os adolescentes, os adolescentes aprenderam a fazer uma série de produtos, e todos os dias eles estavam perguntando: “A gente não pode ter uma renda com isso que sabemos fazer?” A nossa história foi adiante, andamos lá pelo bairro Partenon, chegamos a uma empresa que disse assim: “Ah, mas o produto de vocês não tem qualidade”. A outra disse: “Ah, mas vocês não têm preços de mercado”. Até que batemos na porta do Poder Público, e, depois de muita conversa e de muita negociação, esse começo da nossa “união estável” foi amarrado através de um convênio. Disse-me um advogado que aí já não era mais “união estável”, já era um “pacto nupcial” com registro em cartório. E assim foi seguindo a nossa história. O nosso parceiro nos acompanhava mais ou menos de longe, e nós seguíamos produzindo e vendendo os lanches.

Não soubemos, como se diz hoje, discutir a relação. Convidamos um parceiro, quando fizemos dez nos, e mostramos para ele os resultados, os produtos do trabalho, como estavam lindas as crianças, como os adolescentes eram maravilhosos. E assim continuamos, achando que esse “pacto nupcial” iria durar para sempre, até que recebemos a notícia, via e-mail, como hoje acontece, de que terminaria no dia 10 de janeiro. No início, choramos muito, mas, para olharmos para todos os adolescentes e para as suas famílias, decidimos que iríamos procurar outros parceiros com a mesma proposta, porque a base da nossa proposta não é fazer sanduíche - fazer sanduíche é o mais fácil -, a nossa proposta é desenvolver um projeto de vida com os adolescentes, desenvolver todas as potencialidades que eles têm, mostrar para a sociedade que os jovens, sim, têm muito valor e que não são aqueles que a mídia apresenta.

E, para as entidades que estão aqui, podemos dizer que temos muitos bons produtos a oferecer no nosso trabalho educativo, e dizer também que queremos dar outro sentido à palavra “pregão”. A palavra “pregão”, de acordo com o dicionário, significa dar visibilidade, dar notícia, divulgar, e estamos hoje aqui para fazer o verdadeiro pregão, o pregão da criança e do adolescente, divulgar para os Vereadores, aqui, como uma caixa de ressonância da sociedade, que temos adolescentes que precisam apenas de oportunidade para fazer trabalho educativo com geração de renda. Não precisamos de projetos assistenciais, precisamos de projetos que dêem sustentabilidade e dêem renda para os adolescentes.

Esgotado o meu tempo, gostaria de dizer que a gente está possuída de um sentimento de urgência. O nome da criança, o nome do adolescente, hoje e amanhã, é sempre tarde, e a gente termina com Paulo Freire, quando ele diz que para fazer amanhã o impossível de hoje é preciso fazer hoje o possível de hoje. Temos certeza de que os nossos Vereadores aqui saberão nos ajudar a encontrar soluções para que esse possível aconteça a partir de hoje. Obrigada. (Aplausos de pé.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Luciano Elias Bruxel, representando o Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente - MDCA, está com a palavra, pelo tempo regimental de cinco minutos, para tratar de assunto relativo à iminência de encerramento do Programa de Trabalho Educativo com geração de renda para a formação de adolescentes.

 

O SR. LUCIANO ELIAS BRUXEL: Saudando a Mesa, eu saúdo todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa, na alegria e também no compromisso de compartilhar, aqui representando o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o conjunto de instituições que ao longo desses últimos anos tem-se preocupado muito na construção e na efetivação de políticas voltadas à criança e ao adolescente. E hoje, de modo muito especial, nesta tarde, compartilhando a preocupação com a política para a nossa adolescência e para a juventude, a preocupação com alternativas de inclusão dos nossos adolescentes no mundo do trabalho e com a proposta de um trabalho educativo com geração de renda.

Hoje - a Haidê compartilhou há pouco -, nós temos 1.200 jovens no Programa de Trabalho Educativo. Nós temos mais jovens, em Porto Alegre, cumprindo medidas socioeducativas do que jovens tendo a oportunidade de ter uma qualificação por meio do trabalho educativo; e com geração de renda são pouquíssimas as experiências, porque os recursos investidos nessa área são muito pequenos.

Para nos darmos conta também de quanto nós devemos inverter a nossa priorização, as pesquisas, hoje, em nível nacional, do custo de um adolescente que cometeu um ato infracional, varia de três mil a cinco mil reais; isso há quatros. É um dado que o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Conanda, nos apresentou. Hoje, no nosso trabalho educativo, o recurso investido é muito pequeno. Então, nós estamos num período que pede de nós uma urgência muito grande no olhar sobre a nossa juventude, principalmente aquela que está mais excluída, mais à margem da possibilidade do nosso mercado tão violento da competição e da concorrência, que coloca, de modo muito desigual - e a Haidê falou do princípio da eqüidade -, os nossos jovens nas disputas por um espaço de trabalho.

Parabenizo o MDCA, junto com Frei Pacífico e outras pequenas iniciativas, como também parabenizo aqui a Câmara, que tem um Projeto de Jardinagem, em que temos pequenos grupos de jovens que estão tendo a sua primeira oportunidade de uma experiência qualificada. É, como diz a Haidê, muito mais do que fazer sanduíches ou lanches, mas é oportunizar e construir projetos de vida, história de vida, consolidar a experiência de vida. Então, o compromisso a que eu quero chamar a atenção desta Casa, como uma caixa de ressonância, é o de levar adiante essa preocupação.

Hoje, muitas vezes, está-se discutindo a redução da idade penal, mas nós temos que criar justamente o contrário, botar na nossa pauta a discussão de políticas afirmativas para a nossa adolescência, para a nossa juventude, políticas como essa que hoje, nesta tarde, um conjunto de jovens de instituições congregadas no Forte - Fórum do Trabalho Educativo - querem fazer para esta Casa, como um rumo e uma opção política importante e que deve ser prioridade também aqui nesta Casa.

Eu estive, há poucos dias, participando do lançamento de um Projeto do Pronace -compartilhei de vários espaços, inclusive aqui, por esses dias, por ocasião da reunião da Comissão de Educação - e fiquei muito triste, porque hoje a nossa população carcerária brasileira, dos 423 mil e tantos presos, 75% deles têm entre 19 e 24 anos de idade. Isso é uma vergonha para nós, para o País! É um sinal de que nós temos que começar a olhar, pois esses jovens que cometeram atos infracionais mais graves, como tantos outros que não têm uma oportunidade positiva, às vezes vão para um caminho negativo, por uma omissão, e por nós, da sociedade, por não criarmos as condições.

Nós, o Fórum, o Forte, o conjunto de instituições, queremos ter uma parceria com os Vereadores no sentido de garantir uma atenção muito mais profunda e um olhar sobre a nossa adolescência e juventude, porque é uma responsabilidade nossa, da qual nós não podemos abrir mão, e custa muito caro não fazer isso. Estão aí as provas: os custos e a vergonha para nós. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para ocupar dois tempos: Tribuna Popular, nos termos do art. 206 do Regimento, e para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; caríssimo Frei Luciano e Haidê Venzon, vocês são patrimônios culturais da luta em favor da criança e do adolescente de Porto Alegre (Palmas.), e que representam a sociedade civil pujante que nós temos na Cidade nessa luta. A nossa Bancada decidiu usar este tempo de Liderança pela importância do tema. Quero aqui, então, dizer que falo em nome dos nove Vereadores do PT, especialmente os Vereadores aqui presentes, o Ver. Oliboni, o Ver. Guilherme e o Ver. Adeli Sell. Queria registrar, Srs. Vereadores, algumas questões muito importantes, a começar pelo fim, a Casa, esta Casa, esta Câmara tem compromisso com esse tema do trabalho educativo com geração de renda, que, neste momento, é a ênfase trazida para o nosso debate. Nós criamos cinco vagas para adolescentes aqui na jardinagem. Não sei se todos os Vereadores sabem, agora são dez vagas. E foi o movimento que eu acabei trazendo, mas trouxe porque eu acompanhava a Escola Porto Alegre, a nossa EPA, que atua com os meninos em situação de rua, e acompanhava o trabalho do Forte, o trabalho educativo que as entidades fazem com os adolescentes para fazer essa transição da Educação para o mundo do trabalho. Quando chegava ao limite, fez um trabalho teórico, conceitual, e aí? Qual a alternativa para o adolescente que precisa ajudar a sua família e sobreviver? Foi assim que nós conseguimos construir na Casa essa política importante que só continua pelo esforço do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, do Fórum das Entidades, pois a Associação do Fórum fez o primeiro convênio, agora o convênio é com o CPCA da Lomba do Pinheiro. Eu quero trazer isso porque isso é fundamental: construir alternativas concretas para os nossos adolescentes que precisam trabalhar, mas alternativas vinculadas à permanência na Escola e vinculadas a um processo apoiado, com acompanhamento pedagógico-social, que é exatamente essa formulação, que é a formulação do trabalho do MDCA, que agora está precisando de um olhar, porque está em cheque.

Mas quero trazer mais um elemento com que esta Casa já mostrou compromisso e preocupação. Em 2003, nós aprovamos uma Lei que estabelece a prioridade da Prefeitura nos seus eventos, nas atividades em que ela vai necessitar de diferentes serviços e produtos para eventos, para seminários, que ela priorize o trabalho educativo com geração de renda dos adolescentes da cidade de Porto Alegre. Então, já temos um instrumento que precisa da prioridade política para ser regulamentado e realizado; mas na vida ele vinha acontecendo. O MDCA é vanguarda nessa relação com o Governo Municipal; ele desenvolveu uma estrutura, um trabalho, um conhecimento que atingiu já muitos adolescentes nestes 11 anos, e conquistou, a duras penas, alguns convênios com a Prefeitura, Ver. Haroldo, e forneciam lanches em vários convênios.

A surpresa deste final de ano é que o principal convênio que era com o DMAE foi suspenso. Foi substituída a forma de escolher o conveniado, através de pregão eletrônico. Portanto, uma entidade com trabalho comunitário - que coloca assistente social, psicólogo, técnicas em nutrição, que faz um trabalho muito sério, e que garante a qualidade do lanche fornecido - não conseguiu competir, baixando, baixando, baixando o preço, como essas empresas fazem quando disputam pelo pregão eletrônico.

Então, hoje, infelizmente, na Prefeitura, principal parceira nesta alternativa para os jovens, Ver. Sebastião Melo, o DMAE acabou recuando, e, a partir de 10 de janeiro, a entidade não tem essa alternativa; continua o convênio com o DMLU, com a SMED, mas são menores. Sei do problema mais de perto, porque a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude - CECE - recebeu a entidade.

O compromisso que queremos construir faz parte dos 18 itens que a sociedade civil entregou para esta Casa, quando do aniversário dos 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, que é, de fato, nós contribuirmos para que este conjunto de políticas que são conquista e construção da sociedade civil com o Governo Municipal de Porto Alegre, que concedeu vários títulos da cidade de Porto Alegre e continua concedendo, que vão do atendimento à creche comunitária, aos abrigos, ao trabalho com as pessoas com deficiência, às casas de passagem, à ação social de rua, ao trabalho educativo com os jovens, ao SASE, que vão atendendo este público na seqüência da sua idade. Temos um estrangulamento exatamente ali na ponta, na hora de o jovem entrar para o trabalho, na hora de o jovem abrir a sua primeira oportunidade de trabalho, é disso que se trata. O Governo Municipal tem política pública, tem orçamento que pode ser direcionado para isso. Inclusive, devemos refletir se nós, na Casa, na Câmara, não podemos pensar em outros espaços também, porque esses são jovens em vulnerabilidade social, são jovens que enfrentam muitas dificuldades nas suas comunidades. A ação dessa rede é onde mais se precisa; é uma ação, sem dúvida, que faz a cidade de Porto Alegre uma cidade muito diferente das outras. Contar com a sociedade civil, hoje, com mais de 400 entidades lutando por políticas públicas, fazendo a sua parte, com muita qualidade, lá na ponta, junto aos nossos jovens, é um privilégio de Porto Alegre.

Acho que nós, como Governo Municipal, como Câmara, temos a responsabilidade de corresponder à altura. É nesse sentido que esse desafio vem para nós, e nós estamos assumindo isso juntos. Parabéns pela luta de vocês, parabéns ao MDCA, tenho certeza de que, a partir de 10 de janeiro, nós teremos outras alternativas, porque aqui tem compromisso! A Cidade terá, sim, outras alternativas, com toda a certeza, pela qualidade do trabalho que vocês fazem. Obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Eu quero saudar a Dona Haidê Venzon, o Frei Luciano Bruxel. Nós, quando falamos em Direito da Criança e do Adolescente, somos ainda pessimistas. Pessimistas, porque nós vimos alguns episódios relacionados com a criança, como a falta de creches e a nossa Educação Infantil, que deixa muito a desejar na Cidade. Parece mentira que ainda não atingimos um limite pelo menos suficiente para as crianças. Somos insuficientes em Educação Infantil. O Prefeito, até 31 de dezembro, inaugura 39 creches. Isto é um avanço fantástico do ponto de vista público, mas ainda estamos em dívida com as nossas crianças, pois fabricamos, de uma forma industrial, os futuros marginais que vão ocupar as FEBEMs, as prisões, e a forma de impedir isso é a prevenção; e a prevenção se faz na Educação Infantil. A nossa Educação Infantil deixa tanto a desejar que nós temos, hoje, um número muito próximo de 17 milhões de crianças sem direito à Educação Infantil no País. Por outro lado, nós presenciamos nesta Câmara a forma totalmente inconseqüente e errada com que se trata o Conselho Tutelar. Nós precisamos fazer uma profunda reformulação nos critérios do Conselho Tutelar que ainda é profundamente insuficiente dentro da cidade de Porto Alegre. E como indicador dessa insuficiência, o encerramento de um programa de trabalho educativo como o do Movimento dos Direitos da Criança e do Adolescente é, para nós, não só um indicador, mas um motivo de tristeza e até de revolta. Nós nos comprometemos, inclusive, pessoalmente e publicamente a nos comunicarmos com todas as associações que tenham convênio e que, por acaso, queiram ou ousem diminuir qualquer que seja a assistência às crianças. Vossa Senhoria e o Frei Luciano Bruxel têm conosco aliados não só no discurso, mas nós gostaríamos de que isso fosse cobrado de cada um dos Vereadores, no sentido do apoio à iniciativa que eu cumprimento e pela qual tenho profunda admiração. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ouvi atentamente a fala, tanto da Srª Haidê como do Frei Luciano. Tivemos inclusive a oportunidade de conversar, e a D. Haidê colocava a sua angústia e a sua preocupação em relação ao “pregão”, palavra que ela utilizou hoje, com relação ao DMAE, mas ela sabe que a Secretaria Municipal da Fazenda, através da Auditoria do Tribunal de Contas, exigiu que fosse feito um processo de licitação em função de a entidade angariar fundos, e sabemos também que a entidade não ganhou a licitação. Eu perguntava ontem para a Srª Haidê: alguma coisa foi ilegal, alguma coisa foi ilícita? Não! Mas eu quero trazer outros dados importantes. O próprio Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente destinou verbas, em janeiro, fevereiro e março, num total de 48 mil reais - não é Dona Haidê? -, para que esses valores, nesta suposta perda, fossem ressarcidos.

Além disso, no dia 8 de dezembro haverá uma reunião, num esforço do Governo Municipal, que está procurando uma sede na Vila dos Sargentos, junto ao DMAE, para adquirir essa sede para o Movimento e deixar de pagar os dois mil reais que pagam hoje. A senhora também já foi comunicada desse processo e da reunião do dia 8 de dezembro.

Então, nós temos que trazer as boas-novas do Governo Municipal. No dia 8 de dezembro estaremos gestionando a aquisição de uma sede definitiva - não pagarão mais -, já tem a garantia de 48 mil reais para essas supostas perdas e, além disso, através do Sr. Carlos Simões, que é o coordenador político de assistência social e mais o responsável pelo Funcriança, também estarão acertando um convênio na questão de assistência técnica e suplementação alimentar junto à rede de abrigagem, hoje com 77 crianças no Município de Porto Alegre. O convênio junto com o Movimento é com fonoaudiólogo, nutricionista, assistente social, psicólogo e pedagogo que a instituição tem e, através disso, será firmado um convênio com as instituições privadas.

Quero dizer, então, de público, que as garantias estão feitas; o Governo Municipal tem uma preocupação, mas também o dever e o direito de zelar pelo Tribunal de Contas do Estado, porque é ele que presta contas.

Então, a palavra pregão foi uma exigência da Secretaria Municipal da Fazenda, mas volto a dizer, o Movimento - já por determinação para o Conselho Municipal dos Diretos da Criança e do Adolescente - vai receber 48 mil reais. Já tem recursos para janeiro, fevereiro e março, e no dia 8 de dezembro, na Vila dos Sargentos, o DMAE estará dando uma sede para a entidade para que não tenha mais a despesa de dois mil reais por mês, sem contar ainda com o convênio para as 77 crianças junto a essa entidade, porque o Movimento dispõe de psicólogo, fonoaudiólogo, nutricionistas e pedagogos.

Tenho que trazer essa notícia, porque a Tribuna Popular é o espaço de todas as entidades, um espaço do povo, mas também um espaço de o Governo dizer por que veio fazer políticas sociais em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, eu quero saudar carinhosamente a Srª Haidê Allegretti Venzon, pela sua dedicação. A senhora cheira à solidariedade, a amor, à entrega. No entanto, o que disse o Vereador, usando a Liderança do Governo, esclarece também a preocupação do Governo, e não de outras alas. A senhora deve estar entendendo o que eu estou falando, porque se mistura muito, na política, a política partidária com as determinações outras. Eu acho isso profundamente lamentável. Agora, se o pregão foi realizado, eu acho que se deve obedecer a isso. E as coisas devem ser feitas muito às claras, porque quem vai atrás disso... Eu tenho uma amiga, uma professora que mora no Partenon, que nunca teve CC. Eu a conheço há oito anos, e ela nunca deixou de fazer o trabalho que ela realiza com as crianças. É a professora Elisete. O trabalho que ela realiza é ali na região do Partenon, e, se fosse na Vila dos Sargentos, ela teria a mesma disposição, porque Porto Alegre é igual. Nós deveremos buscar essa igualdade. Então, quando o Vereador, representando o Governo Municipal, assegura três meses, e certamente vai assegurar mais três, mais seis, mais nove, vai dar uma sede, não importa onde, porque a dificuldade está em toda a Cidade - na periferia, em todos os bairros de Porto Alegre os problemas são iguais -, e a professora Elisete nunca reivindicou, em nome do seu trabalho “Aprendendo a Viver”, absolutamente nada em termos financeiros aqui na Casa, a não ser um auxílio do Vereador, dentro das suas pequenas possibilidades. E também nunca se escondeu atrás de CC para poder ajudar crianças e adolescentes. O PMDB coloca-se à disposição. E nós somos Governo, nós estamos aqui para ajudar, mas nós estamos aqui para fazer política social e não política partidária. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Em nome da minha Bancada, a do Partido Progressista, quero dar as boas-vindas à senhora Haidê Allegretti Venzon e ao Frei Luciano Bruxel, e especialmente em nome dos Vereadores Beto Moesch, João Dib e deste Vereador, queremos lhe dizer, Srª Haidê Venzon, e agradecer-lhe especialmente pelo imenso trabalho que a senhora tem feito durante todos esses anos em favor da criança e do adolescente. Meus parabéns! A cidade de Porto Alegre se orgulha do seu trabalho, e esta Câmara quer lhe agradecer.

A sua presença aqui, além de trazer o seu trabalho no Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente, vem também nos lembrar que está na época do encerramento do exercício fiscal de 2008, e vem nos lembrar da importância para que os contribuintes façam a sua contribuição ao Fundo da Criança e do Adolescente, o Funcriança, para que as entidades que trabalham ajudando a criança e o adolescente possam ter recursos para cumprirem as suas finalidades, e o contribuinte ao invés de pagar Imposto de Renda, contribui para o futuro do nosso País.

Parabéns! Muito obrigado pela presença de vocês nesta Casa, e, especialmente, a minha Bancada agradece pela sua presença. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente Sebastião Melo; demais colegas Vereadores e Vereadoras; Srª Haidê e Frei Luciano, eu acho que a Casa, hoje, se sente honrada em recebê-los e em ouvir os seus relatos apresentados aqui.

Eu quero dizer a vocês, com muita tranqüilidade, que, pela minha responsabilidade de presidir a Cáritas, eu converso muito com o Prefeito sobre essa parte assistencial. E tenho sempre ouvido dele as preocupações que tem nessa área com o nosso jovem. Claro que tudo não é possível, porque vocês sabem que a situação depende de muitos recursos, mas o trabalho da Prefeitura, juntamente com seus Órgãos que têm a responsabilidade de trabalhar junto com os nossos jovens... A gente sabe que o Prefeito se preocupa muito com essa área. Eu acho que todos nós, Câmara Municipal e sociedade organizada, temos que ter, sim, a preocupação voltada para fazer um trabalho com os nossos jovens.

E, hoje, se fala muito do primeiro emprego, agora, pouco se faz. Eu digo isso com toda a tranqüilidade, porque a Cáritas está aí, eu acredito que a média não passa de 150 jovens que têm o trabalho de primeiro emprego e o acompanhamento familiar. Então, é nesta área que temos de trabalhar. Acho que a Câmara não precisa estar junto, vocês têm de fazer isso com uma política não-partidária, mas, sim, com uma política voltada para as nossas crianças, para os nossos jovens, porque nós queremos, sim, um futuro melhor para este País. Para que isso aconteça, temos de estar junto, trabalhando com os nossos jovens.

Então, Dona Haidê, parabéns pelo trabalho; parabéns, Frei. Nós estamos juntos nesta luta. Um só não consegue nada, uma entidade sozinha não consegue; agora, com a união de todos, muito se consegue fazer. Parabéns, um abraço. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu queria agradecer à Dona Haidê e ao Frei Luciano pela presença, dizendo que, com certeza, esta Casa, sempre atenta às demandas da Cidade, vai acompanhar, vai diligenciar pelas manifestações dos Srs. Vereadores apontadas nessa direção.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h48min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo – às 14h49min): Estão reabertos os trabalhos.

Srs. Vereadores, reabro a Sessão e volto a suspendê-la por 15 minutos. Convido todas as colegas e todos os colegas Vereadores para inaugurarmos o nosso Memorial, onde o nosso querido Jorge está nos esperando. Vamos fazer uma sessão muito rápida, mas eu gostaria de contar com a presença dos senhores, porque acho muito importante a obra para a Casa - a obra começou na gestão da Ver.ª Maria Celeste, nós tocamos, está finalizada e é importante para a Casa. Então, quero convidá-los para irmos até o Memorial.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h50min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo – às 15h09min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Vereadores e Vereadoras desta Casa, estamos finalizando o mês de novembro, ingressando no mês de dezembro, e muita gente pensa ainda que a Câmara tem recesso em dezembro. Não tem, não tem mais! Pelo contrário; neste dezembro, esta Casa terá muito e muito trabalho. Nós temos vários Projetos para serem analisados e discutidos, especialmente o Projeto da área do Spot Club Internacional, do Estádio dos Eucaliptos; o Projeto do Grêmio, do Estádio Olímpico; o Projeto de revitalização do Cais Mauá, que deverá chegar a esta Casa ainda em dezembro e que está por tantos anos em gestação. É importante revitalizar essa área do nosso porto, a exemplo do que existe em outras Capitais, com grande sucesso. Será um empreendimento para o porto-alegrense aproveitar, para o porto-alegrense ter a sua área de lazer, em um contato mais estreito com o nosso lago Guaíba. Provavelmente, como sói acontecer todos os anos, o Executivo enviará, ainda, alguns Projetos tributários para esta Casa, de adequação das leis tributárias, porque precisam ser aprovados neste ano por causa da regra da anterioridade e da anuidade. Está na Casa, também, o Projeto que cria a Agência de Desenvolvimento, tão esperado por esta Casa, por esta Cidade que tanto precisa de uma Agência de Desenvolvimento, que é chamada de InovaPOA. Temos ainda o Projeto de revitalização da Lomba do Pinheiro, que já está nesta Casa em estudo. Temos um Projeto importantíssimo para a Cidade, o Projeto do Previmpa, que nós precisamos analisar e votar ainda este ano. Também virá a esta Casa a criação da Secretaria Extraordinária da Copa de 2014, porque Porto Alegre precisa se preocupar e se antecipar para ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Então, senhoras e senhores, esta Casa tem que arregaçar as mangas, porque terá imenso trabalho durante o mês de dezembro, que começa na próxima segunda-feira.

O outro assunto que eu queria trazer aqui é com relação às graves ocorrências que estão acontecendo no Estado vizinho, Santa Catarina - terra do nosso ilustre Ver. Adeli Sell. Efetivamente, precisamos lamentar o imenso prejuízo para a sociedade, as mortes, a destruição, tudo isso é impressionante! Eu queria alertar esta Casa, quero alertar os porto-alegrenses, quero alertar especialmente o Executivo de que, senhoras e senhores, se chover em Porto Alegre a metade do que choveu em Santa Catarina, nós teremos graves problemas nesta Cidade. Graves e imensos problemas em nossa Cidade, porque temos, amigo Lauro Balle, oficialmente, 720 vilas irregulares em Porto Alegre, aproximadamente 300 áreas de risco, pessoas morando nas encostas dos morros, em cima do morro, ao lado do morro, na metade do morro, vivendo dentro de arroios - impressionante, dentro, em cima de arroios - os quais, quando chove, transbordam. Nós temos grande perigo no morro Santa Teresa, no morro Teresópolis, no morro da Cruz, da Glória, no Morro do Osso, na Vila dos Sargentos, na Vila Terra Nostra e nas ilhas, especialmente na Ilha Grande dos Marinheiros, onde as pessoas têm as suas casas praticamente dentro do lago Guaíba. Se chover a metade do que choveu em Santa Catarina, nós teremos sérios problemas; e se chover a quantidade de chuva que ocorreu, seria uma calamidade! Nós temos arroios transbordáveis, e muitos, inclusive, com muito lixo: o arroio Moinhos, o Mem de Sá, o da Areia, o Mangueira, o São Benedito, do Salso e tantos outros, com problemas sérios, com gente morando praticamente dentro deles.

 

O Sr. Beto Moesch: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas assim como estou lhe assistindo, vou usar o tempo de Comunicações justamente para enfrentar também esse tema, para que isso possa ser cada vez mais pautado aqui na Casa.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado, Vereador. É efetivamente de muita importância, e eu queria então fazer esse alerta: que nós temos que tomar providências antecipadas para que não tenhamos problemas sérios parecidos com os que estão ocorrendo em Santa Catarina.

Eu queria também, dentro do assunto Pontal do Estaleiro, cumprimentar o Ver. Adeli Sell pelo seu artigo de hoje no Jornal do Comércio, em que ele diz (Lê.): “Os desdobramentos da votação da transformação do uso comercial em misto (comercial e residencial) ali no Estaleiro continuam. Acusações, processos e bate-boca, levando à paralisia em um momento que exige ação. A Cidade não merece continuar sob a febre da síndrome da grenalização. [Um é a favor, outro é contra.] A Cidade não tem construído convergências, como as pessoas não têm buscado aproximações. Aqui se parte de idéias pré-concebidas sobre terceiros sem interlocução. Está em nosso DNA”. E por aí vai. Ele colocou perfeitamente o assunto, e é muito importante.

Outro aspecto que eu também queria elogiar é a Nota de Esclarecimento da proprietária da área que antigamente pertencia ao antigo Estaleiro Só, publicada em todos os jornais de ontem, que esclarece perfeitamente. Se alguém tiver dúvida, está em todos os jornais de ontem. Então, por ser clara e evidente, não preciso lê-la toda aqui, mas o item seis deixa bem claro, que é preciso esclarecer que se trata de uma área privada, ou seja, sem acesso público. Muito claro, não é? E ainda diz o seguinte no item sete: Assim, o que a Câmara Municipal aprovou na Sessão do dia 12 de novembro foi unicamente a possibilidade de uso misto da área, ou seja, o uso para comércio e serviços, mais o uso residencial. Esta tendência coincide com o pensamento urbanístico contemporâneo, oportunizando maior convivência e segurança, pois haverá fluxo de pessoas durante o dia e a noite. Isto não representa, absolutamente, sobrevalorização ou valorização atípica, pois é certo que o empreendimento destinado a comércio (que já era possível) oferece melhor retorno financeiro que o residencial. Nem mesmo o aumento do índice construtivo foi alterado pela Câmara, ou seja, o potencial construtivo do terreno, assim como disposições sobre altura e taxa de ocupação, remanescem exatamente iguais à época da promulgação da Lei nº 470/2002. Item oito: Quando for apresentado o projeto arquitetônico do empreendimento, o que não existe até o momento, e sim apenas um estudo prévio, todas as questões ambientais (EIA-RIMA, EVU, e outros) merecerão profundo estudo, análise e aprovação pelos órgãos e secretarias municipais. Então, poder-se-á debater com base em fatos e situações concretas. Certamente, este empreendimento sofrerá detida análise não apenas pelos órgãos competentes, mas por toda a sociedade, que, inclusive, terá a oportunidade de se manifestar em audiência pública.

A defesa do interesse público é uma tradição da Câmara de Porto Alegre, desde os seus primórdios, portanto, lamenta-se que tenham sido levantadas graves e injustas suspeitas sobre a convicção de 20 Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre, por votarem, com conhecimento de causa, a favor do que consideram o melhor para a Cidade, ou seja, o uso misto da área do Estaleiro Só.

Acho que o artigo do Ver. Adeli Sell, e essa nota colocada em todos os jornais no dia de ontem, deixam claro para a população o que se aprovou nesta Casa. Eu venho aqui e afirmo com a maior tranqüilidade: foi para o bem, para o futuro, para o desenvolvimento da nossa Cidade. Se concretizada a construção, depois de passar pela análise profunda de todas as áreas da Prefeitura Municipal, pelas Secretarias Municipais, que estão sob a coordenação do Sr. Prefeito Municipal, temos a previsão de que vai gerar 850 empregos diretos e indiretos, num momento em que nós lamentamos que as empresas estão dando férias coletivas. Lá em Horizontina mandaram 200 funcionários embora; em Santo Ângelo, mais 200; aqui em Guaíba, 700; em Gravataí, 130. Nós vamos gerar 850 empregos. Está na decisão, se queremos receber esses 850 empregos, ou mandar embora novamente a oportunidade de emprego, renda e de geração de imposto. Ficam aqui, realmente, todos esses esclarecimentos em favor da nossa sociedade. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Muito obrigado, Ver. João Carlos Nedel.

O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra em Grande Expediente. (Pausa.) Ausente.

Encerrado o Grande Expediente.

O Ver. Carlos Comassetto solicita tempo regimental, para falar sobre a representação da Casa, em evento ocorrido na cidade de Brasília. A Mesa defere por cinco minutos.

O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra em Tempo Especial.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; colegas Vereadores; colegas Vereadoras, gostaria de relatar aqui um conjunto de agendas que cumprimos na terça e quarta-feira passadas, em Brasília, sobre alguns temas que temos tratado nesta Casa, de interesse da cidade de Porto Alegre.

O primeiro deles foi sobre a Escola Técnica Federal da Restinga, sobre o qual realizamos uma reunião com o Diretor Nacional, do Ensino Técnico Federal do Ministério da Educação, Eliezer Pacheco, para buscarmos um entendimento sobre o edital da licitação para a construção da Escola Técnica Federal, já que os recursos estão disponíveis no Orçamento da União, para este ano de 2008. Recebemos a informação positiva de que este edital está no final da sua elaboração, neste momento tratando do projeto arquitetônico e urbanístico necessário para a contratação da empresa que construirá a Escola Técnica Federal de Porto Alegre, na Restinga, uma das 12 Escolas Técnicas Federais que estão para ser construídas nos próximos dois anos, projeto este do Governo Federal em parceria com os Executivos - aqui em Porto Alegre, com o Executivo Municipal. A previsão é de que nos próximos 90 dias seja publicado o edital de licitação.

Temos ainda um pequeno impedimento, que o Governo Municipal, a SMIC e as demais Secretarias estão providenciando, que é a acessibilidade à área onde serão realizados os trabalhos, de adequação topográfica e outros, que foram doados, como contrapartida, para acelerar esse trabalho. Essa é uma das informações sobre a nossa Escola Técnica Federal de Porto Alegre no bairro Restinga, um projeto do Ministério da Educação em parceria com o Governo Municipal.

O segundo trabalho que realizamos no Ministério das Cidades foi sobre as vias estruturadoras urbanas. Realizamos uma reunião no Ministério das Cidades, agendamos com o Secretário Nacional de Transportes, Sr. Luiz Bueno, levando a demanda da região Sul da Cidade, sobre a duplicação da Av. Edgar Pires de Castro, para que seja enquadrada no PAC da Mobilidade Urbana de 2009. Trago aqui uma resposta positiva, de que há, inclusive, recursos para os quais não há projetos ainda. Porém, Ver. Professor Garcia, há a necessidade de uma ação do Executivo Municipal que, até o dia 20 de dezembro, envie um anteprojeto ao Ministério para que se possa credenciar. Inclusive, ligamos de lá para o Secretário de Gestão, Sr. Clóvis Magalhães, expondo a situação, para que pudéssemos garantir esse recurso. E aqui trago uma mensagem da Secretaria, que me perguntou sobre a acessibilidade do Porto Seco, na região Norte, que também necessita de um projeto que chegue ao Ministério das Cidades, para que possamos assegurar esses recursos para o ano de 2009, e executar, no mínimo, essas duas obras e outras que porventura venham a ser negociadas.

 

O Sr. Professor Garcia: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, primeiro, quero parabenizá-lo por ter ido a Brasília negociar esses recursos que são importantes para o Município. Quero dizer que estão tramitando nesta Casa projetos de desafetação de áreas prevendo justamente a duplicação da Av. Edgar Pires de Castro, e V. Exª sabe que no próximo ano o Plurianual tem como uma de suas ações prioritárias a duplicação da Av. Edgar Pires de Castro, ou seja, podemos dizer que esta é uma obra que será realizada, sim, no próximo Governo.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Esses temas de casa, podemos assim dizer, que o Professor Garcia relata aqui, estão sendo executados. Mas reforço, Professor Garcia, a necessidade dessa ação propositiva do Município, enviando, até o dia 20 de dezembro, para Brasília, um pré-projeto para que sejam cumpridos os editais e garantidos os recursos que serão alocados pelo Governo Federal e pelo Ministério das Cidades.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Vereador, seu tempo se encerra. Como V. Exª é o primeiro inscrito em Comunicações, V. Exª continua com a palavra.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Carlos Comassetto continua com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Trago aqui este tema para conhecimento da Casa e de todos os seus Vereadores. E falo também ao Ver. Maurício Dziedricki, que há pouco foi o Secretário da SMOV, e como o seu substituto é pessoa da sua relação e da sua confiança, que garanta, por meio de um pré-projeto e o envie a Brasília, até o dia 20 de dezembro, para que o Ministério das Cidades grave recursos do PAC da Mobilidade Urbana para a nossa Cidade, se não perderemos esses recursos do Governo Federal disponíveis.

 

O Sr. Maurício Dziedricki: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Comassetto, é com prazer que nós recebemos essa provocação do Ministério das Cidades, inclusive com os olhos para que os investimentos do PAC também passem por mobilidade em Porto Alegre, que, até então, não vinham sendo aplicados nesse sentido para a Cidade.

Mas quero ressaltar que o prazo é exíguo, e quero convidar V. Exª para que façamos uma visita lá, em audiência, ao Secretário Gildo, e promover um anteprojeto, porque sabemos que demove muito tempo, muita capacidade técnica e um esforço muito grande para que tais projetos possam ser compartilhados com a veracidade para resultar num orçamento condizente com a execução dessa obra que é tão importante para a Zona Sul da Cidade.

Então, Ver. Comassetto, convido V. Exª, que diligentemente procurou o Ministério para esse tipo de investimento, para que façamos uma visita à Secretaria de Obras, com os técnicos do Escritório de Projetos e Obras, para adequar o Projeto com a necessidade do Ministério.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: De nossa parte está garantida a disposição dessa conquista. Agora, já o convido, também, para uma agenda no Ministério das Cidades, para que até o dia 20 de dezembro se entregue o pré-projeto, garantindo os recursos. E a sua afirmação de que vem pouco recurso para Porto Alegre, para a estrutura urbana, isso é devido à falta de projetos...

 

O Sr. Maurício Dziedricki: Mobilidade.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: ... de mobilidade urbana, é devido à falta de projetos do Executivo Municipal, para poder captar esses recursos. Como Vereador do Município de Porto Alegre, mesmo como Vereador de oposição, entendemos que temos de construir aquilo que diz respeito à comunidade, aquilo que diz respeito à sociedade, e construir alternativas, e bem construídas. Eu trago essa demanda, portanto, Ver. João Carlos Nedel, e hoje essa responsabilidade é do Executivo Municipal, que tem que tê-la para projetos, inclusive para a Entrada da Cidade, no que diz respeito ao Porto Seco, porque eu sei que o Ver. João Carlos Nedel e o Ver. Adeli Sell estão buscando alternativas lá junto ao Ministério e ao Secretário Nacional, que inclusive pediu que este Projeto também vá junto, porque senão não será gravado recurso para 2009.

O terceiro tema que trabalhamos em Brasília, no Gabinete da Presidência da República, numa reunião com o Sr. Secretário Nacional e o Coordenador Nacional da agenda do Presidente Lula, o Sr. César Alvarez, é sobre a conquista que fizemos e construímos aqui, em Porto Alegre, que é a vinda da maior Feira Mundial da Tecnologia da Informação e Comunicação, a Feira de Hannover, para acontecer em Porto Alegre. Agora, em novembro, recebemos oficialmente a decisão de que Porto Alegre será sede, na América Latina, da Feira Mundial da Tecnologia da Informação e Comunicação, e que a primeira edição deverá ser no primeiro semestre de 2010, junto com a Feira Mundial, que será na Sede da FIERGS, quando realizaremos um Congresso Mundial da Tecnologia da Informação e Comunicação.

Iniciamos uma tratativa com o Gabinete do Presidente da República para que o Governo Federal se integre à Feira Mundial da Tecnologia da Informação e Comunicação, e já recebemos uma proposta afirmativa. Eu conversava há poucos minutos aqui com o Ver. Newton Braga Rosa de que nós temos que fazer uma nova agenda em Brasília, ainda este ano, para levar a potencialidade dessa Feira, bem como a forma que nós gostaríamos que o Governo Federal participasse na sua totalidade e na sua potencialidade. Realizamos, ontem, um acordo com o Secretário Particular do Presidente da República, Sr. César Alvarez, garantindo a participação do Estado Brasileiro nessa Feira, que deverá colocar Porto Alegre no cenário mundial dos grandes eventos da Tecnologia da Informação e Comunicação. Eu registro que esse trabalho é de dois anos e meio, e, representando a Casa, eu e o Ver. Newton Braga Rosa compusemos o Comitê Pró-CeBIT Porto Alegre/ Brasil e agora recebemos o resultado definitivo. Inclusive trago isso para os colegas Vereadores, para que possamos, já no próximo ano, fazer um lançamento dessa Feira, construindo com os Poderes Executivo e Legislativo, tanto do Município como do Estado e da União, e mais a sociedade civil, que compõe esse comitê com mais de vinte e cinco entidades. Então, ajustamos com o Governo Federal, ontem, a participação deste que acenou propositivamente.

Bem, aproveitando aqui o relato de viagem mais o período de Comunicações, trago aqui esse tema.

E, por último, faço aqui um novo registro que o Ministério das Cidades determinou que todos os Municípios brasileiros têm que cumprir a sua agenda de trabalho, e Porto Alegre ainda não aprovou o seu Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional, como também não criou um Fundo Municipal para Habitação de Interesse Social. Todos esses projetos deveriam ter sido aprovados, ou deverão ser aprovados até o final de 2008 aqui pela Câmara Municipal. Eu registro isso, porque esse é o tema do Ministério das Cidades, para que o Município de Porto Alegre possa continuar a receber os recursos do Governo Federal. Se nós não cumprirmos essa agenda, o Município não estará credenciado. Portanto, trago aqui para a base do Governo essa necessidade da política, para que Porto Alegre se enquadre na política do Governo Lula, do Governo Federal, na política de Estado para o setor de habitação, para responder às demandas do Ministério das Cidades. Nesse sentido, Sr. Presidente, faço aqui a prestação de contas, bem como esse relato a respeito das políticas nacionais de habitação às quais o Município precisa ainda se adequar. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Muito obrigado, Ver. Carlos Comassetto.

O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Carlos Todeschini.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre Ver. Claudio Sebenelo, na presidência dos trabalhos, colegas Vereadores, Vereadoras, público que acompanha o Canal 16, estava lembrando que hoje, Ver. Elói, todas as quartas e quintas-feiras do mês de novembro é Dia Nacional de Ação de Graças. Ver. João Antonio Dib, em 1949, no Congresso Nacional, sancionada pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra, foi votada a Lei nº 781, que instituiu no Brasil o Dia Nacional de Ação de Graças. E o Dia Nacional de Ação de Graças é exatamente um dia para todo o cidadão, a cidadã parar cinco minutos, parar dez minutos, uma hora e fazer o seu agradecimento - diz muito bem aqui o então Presidente - “pelas dádivas alcançadas”. Eu faço questão de salientar aqui, porque quem de nós já não alcançou até hoje, ou não teve um dia especial para, por um minuto, ou por cinco minutos de reflexão, poder agradecer a Deus por existir - não é mesmo, Ver. João Antonio Dib? Por existir e agradecer por aquela ajuda muitas vezes divina de um ser humano, mas muito bem lembrado e solidarizado naquele momento, como acontece, por exemplo, nesses dias no Estado de Santa Catarina. E quando a gente vê esse povo solidário, o povo gaúcho, como todos os outros Estados em todo o Brasil - inclusive o Presidente da República falou que não vão faltar recursos para restabelecer não só os serviços públicos, como também ajuda àquelas pessoas que têm dificuldades no Estado de Santa Catarina. É de extrema importância que as pessoas passem a ser solidárias -, faço questão de lembrar este dia tão importante, o Dia Nacional de Ação de Graças, e todos nós, com certeza, faremos alguns minutos de reflexão sobre quanto é importante o ser humano ter também esses momentos de solidariedade entre os povos.

Queria lembrar aqui que há pouco nós recebemos algumas lideranças que hoje expõem ali naquela Feira da Rua da Praia, mais conhecida como Feira Solidária. Hoje, nós temos ali artes plásticas, culinária e artesanato. Agora, com o anúncio da inauguração do Camelódromo, nem mesmo 20% dessas pessoas foram contempladas para ir ao novo Camelódromo, e as demais pessoas vão ficar onde? Pelo que nós estamos sabendo, 20% das pessoas contempladas foi por sorteio. Para onde vão as mais de trezentas pessoas que não vão ficar em nenhum lugar para expor? Essas pessoas vão sustentar suas famílias com o quê, se não vão mais poder vender os seus produtos ali? Então, nós estamos articulando uma reunião com o Governo no intuito de poder buscar uma saída para essas pessoas que procuram, sim, ter um espaço em área pública para oferecer a sua arte e a sua cultura para a sua sobrevivência.

Outro assunto que eu queria lembrar, e que é de extrema importância para aqueles que estão acompanhando a nossa Sessão pelo Canal 16, é que hoje, às 19 horas, acontece nesta Casa uma Audiência Pública com o Programa de Saúde da Família. Esta Audiência Pública foi solicitada pelos agentes comunitários, pois agora, no final do ano, isso é, no mês que vem, encerra o contrato com essa empresa que gerencia o Programa de Saúde da Família, a Sollus. E o Governo, numa tentativa de intermediação feita com o Ministério Público e com as entidades representativas, encaminhou um Projeto a esta Casa, no ano passado, e até agora não foi votado este Projeto. Então, nós vamos discutir, hoje, na Audiência Pública, a viabilidade deste Projeto ou a renovação do contrato do Programa de Saúde da Família. Portanto, é de extrema importância que os Vereadores também se façam presentes, para apoiar o Programa de Saúde da Família. Não é apenas para apoiar um ou outro trabalhador, mas para apoiar todos eles: agentes comunitários, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, enfim, todos aqueles que trabalham no Programa de Saúde da Família, para poder, então, demonstrar claramente que a Câmara Municipal de Porto Alegre quer, sim, continuar com este Programa e, mais do que isso, quer que esse serviço seja duplicado, que eles atendam com segurança e com condições de trabalho a todos os cidadãos de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Vereador.

 

(O Ver. Aldacir Oliboni assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Muito obrigado, Presidente Aldacir Oliboni; demais Vereadores, gostaria que as câmeras focassem aqui pelo menos a fotografia do Jornal do Comércio de hoje, na Geral, que fala sobre Santa Catarina. Nunca vi uma foto tão eloqüente como esta (Mostra a fotografia.) em que um edifício está perdendo completamente a sua base pelo desaterramento provocado pela chuva, mas, muito mais pelo desaterramento provocado por uma vasta área que não tem plantação, que foi desmatada. Pois o que para nós muitas vezes soa apenas como um pré-aviso, apenas como uma forma de assustar a população, apenas com a intenção de gerar pânico, para outras pessoas, por parte dos movimentos ambientalistas, há uma profunda seriedade.

Nós não queremos mais praias como Camboriú, em que a parede da “selva de pedra”, construída ao longo de toda uma praia infesta não só pela falta de saneamento básico, mas por interferência na insolação, na ventilação, e, principalmente, Ver. Dib, na alteração dos microclimas das regiões. E os regimes, especialmente o ciclo das águas, se alteram profundamente quando começamos a encontrar as serras do maravilhoso Estado de Santa Catarina completamente peladas, sem vegetação nativa. Só para terem uma idéia, só no Rio Grande do Sul, da vegetação nativa da antiga Mata Atlântica, temos hoje apenas 2% de espécies nativas; o resto são aquela doce ilusão do plantio e da agricultura acabando com a mata virgem. Aí, então, os rios e suas matas ciliares... Especialmente com relação à questão do ciclo das águas; o volume das chuvas é indiscutível... Mas o que não se previu foi a agressão fantástica que o turismo - uma das coisas mais sedutoras para o ser humano - fez com que Santa Catarina sofresse; agora, num dos vales mais ricos do País, que é o Vale do Itajaí, e num dos rios mais encantadores, como é o Itajaí-Açu, hoje nós temos morte, destruição.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebenelo, obrigado pelo aparte; quero cumprimentá-lo pelo seu pronunciamento e dizer que, sem dúvida, este grande drama que está vivendo Santa Catarina e uma parte do nosso Estado tem duas vertentes: uma, a enorme quantidade de chuva, o grande volume que está caindo, mas também tem que se acrescentar a incúria do ser humano. Basta ver as fotos de algumas construções, que a gente percebe isso claramente. E mostra mais uma vez que esta história de: “Ah, deixa construir que isso é moderno, vai desenvolver a economia...”, isso, sem controle, dá como resultado esses desastres que, infelizmente, nós estamos vivendo. Obrigado.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Eu é que agradeço. O aparte de V. Exª enriqueceu muito o meu pronunciamento, e queria dizer que a primeira, que é da chuva, não é um fenômeno natural, não; é um fenômeno aberrante e, inclusive, é uma alteração importante dos ciclos das águas em determinadas regiões, fazendo com que a precipitação seja, em dois, três dias, a precipitação de meses somados. E, aí, então, nós vemos que este ciclo das águas foi alterado e a chuva é a causa, mas é, também, a agressão a esse ciclo das águas que provocou essa alteração. A segunda é, indiscutivelmente, o desmatamento. Esse desmatamento é visível, inclusive, Ver. Beto Moesch, V. Exª, que é um especialista na área, sabe que o Presidente Lula, ao sobrevoar o local... Nós vimos, pela televisão, a fantástica destruição feita pelo ser humano daquelas matas nativas, inclusive dos picos mais altos de uma região como Blumenau, que é alta. O rio Itajaí-Açu desce em direção à praia, passando pela cidade de Itajaí, formando um vale, não só riquíssimo, mas também vulnerável à fúria industrializante, e, mais do que isso, vulnerável a um turismo predatório, fazendo com que altere não só as condições de matas, as condições de matas ciliares à margem dos rios, mas também o ciclo das águas, alterando, por isso, a natureza completa. E quando os ambientalistas vêm dizer - como disse muito bem o Ver. Guilherme Barbosa - “não, que é bobagem, que nós podemos construir, que nós podemos embelezar”... Por favor, vejam as belezas que fizemos, as fantásticas selvas-de-pedra na cidade de Porto Alegre, e, meses depois, anos depois, nós vemos o erro fantástico cometido pelas autoridades, permitindo não só as questões de alterações de volume, mas as alterações da natureza, em que temos diversos exemplos. Inclusive lá no nosso bairro, o Três Figueiras, houve um projeto que dizimou uma floresta nativa que havia ali e a vertente do arroio Areia, tudo tapado por construções proibidas por todos os códigos municipais. É por isso que acendemos uma “luz vermelha”. Encerrando, Sr. Presidente, se essa “luz vermelha” não for respeitada, estaremos indo a caminho da hecatombe, da catástrofe e, muito pior do que isso, a caminho de uma pior qualidade de vida dos nossos descendentes.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Passamos, novamente, a presidência dos trabalhos ao Ver. Claudio Sebenelo.

 

(O Ver. Claudio Sebenelo reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BETO MOESCH: Ver. Claudio Sebenelo, que preside esta Sessão; Ver. Luiz Braz, Ver. Dr. Raul, Ver. João Antonio Dib, Ver. Carlos Comassetto, Ver. Aldacir Oliboni, Ver. Guilherme Barbosa e Ver. Elói Guimarães, eu quero justamente dar continuidade ao que o Ver. João Carlos Nedel e o médico e Vereador Cláudio Sebenelo, brilhantemente, abordaram, porque nós não podemos deixar de tratar desse assunto que está chocando o Brasil e o mundo: o episódio das águas em Santa Catarina. Eu estive, há alguns meses, falando sobre os tornados. Os tornados foram comprovados aqui, agora, há dois meses; foi o que aconteceu aqui em Triunfo. Em maio, estive aqui na tribuna para falar de outro tornado, comprovadamente acontecido em maio.

Ver. João Dib, eu não sou um especialista - e jamais eu falaria isso, pois sou advogado -, mas gostaria de dizer que isso é em virtude do aquecimento global, ou não é... não sei! Mas nós estamos tendo acontecimentos novos que não existiam, tornados na Região Metropolitana de Porto Alegre, dois, comprovadamente, neste ano, coisa que nunca ocorreu no Brasil. Na Região Metropolitana de Porto Alegre! Se é ou não fruto da mudança climática, nós temos que nos preparar para isso. Nós não estamos preparados para essas catástrofes climáticas que estão ocorrendo! Não tenho condições, aqui, de afirmar - e ninguém pode afirmar - se é em virtude de agressões ao meio ambiente, desmatamentos, etc. - eu estou falando das alterações a que nós estamos assistindo -, mas que nós não estamos preparados, nós não estamos!

É impressionante assistir na televisão pessoas circulando de carro durante esses eventos climáticos, o que em qualquer outro país seria considerado estado de emergência! As pessoas têm que ficar em casa! Elas são proibidas de sair de casa! E aqui as pessoas querem ir ao shopping center durante um tornado...! E reclamam que as sinaleiras estão estragadas! É óbvio que as sinaleiras estão estragadas! Como é que no meio de um tornado não vão estragar? As pessoas reclamam porque não podem ir ao shopping center, não podem ir à padaria... Mas nós estamos diante de um tornado! Diante de uma catástrofe ambiental! Nós temos que nos recolher às nossas casas, como em qualquer outra parte do mundo. É que o Brasil não enfrentava isso, e agora está enfrentando. Independentemente da causa, nós estamos diante de bruscas e radicais alterações climáticas neste País, e não estamos preparados para isso.

Com relação à sua colocação, Ver. Claudio Sebenelo, eu queria registrar que os geólogos dizem que independentemente das agressões ao meio ambiente, os morros de Santa Catarina iriam desabar, mas poderiam, nesses morros, não existir casas. E existem casas! E aqui há um grave problema, porque a legislação federal, estadual e municipal proíbe residências ou edificações, sejam quais forem, em Áreas de Preservação Permanente, que são: topos de morros, encostas, e beiras de recursos hídricos, hoje nós estamos vendo que não poderíamos ter edificações nessas áreas. E todas as cidades brasileiras possuem edificações nessas áreas, inclusive Porto Alegre, e que não tem tido na sua história uma política de reassentamento das famílias que moram em áreas de preservação permanente, em áreas de risco. Houve, sim, ações isoladas, mas não política, que é o maior e mais grave passivo socioambiental deste País.

 

O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado, Ver. Beto Moesch. Na sua fala, justamente o ponto que eu queria trazer é sobre as ocupações urbanas irregulares, e não é só no Brasil, a América Latina tem essa característica por falta de planejamento aplicável, a aplicação do planejamento urbano. Eu gostaria de falar sobre a sua segunda fala: Porto Alegre teve, sim, uma estruturação de proteção às áreas de risco. Há uma equipe toda destinada a dar sustentação e orientação às comunidades que estão em área de risco para não deixar que ocorram, principalmente, acidentes geológicos, desmoronamentos e os alagamentos. Agora, é verdade, ainda faltam os reassentamentos.

 

O SR. BETO MOESCH: Sim, Ver. Comassetto, ações existem, e não é de agora, mas não uma política de reassentamento e de congelamento dessas áreas. Eu quero trazer, por exemplo, a questão do Morro do Osso, que é uma área de risco - é área de risco! -, independentemente de ser um parque natural. Quantas famílias moram na beira de recursos hídricos, nos nossos arroios e até mesmo em algumas partes do Guaíba?

Nós temos como exemplo - e digo isso sempre dentro da isenção - a Vila Cai-Cai, que foi reassentada na gestão anterior; foi uma bela ação. Nós demos continuidade à retirada de bares irregulares na orla do Guaíba, onde dezenas foram retirados e nós tiramos dois que eram remanescentes: o Bar do Orlando e o Timbuca. Mas nós continuamos com problemas, porque não tem tido, em toda a história de Porto Alegre, e por isso eu trago a questão do Estado de Santa Catarina, claro que é um exemplo mais radical, mas nós temos que nos preparar para isso, porque a questão aqui não é ambiental, é socioambiental.

 

O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado pelo aparte, novamente. Eu gostaria de cerrar fileiras com o senhor para que nós pudéssemos fazer com que o socioambiental, que retirou as 250 habitações de área de risco na Vila dos Sargentos, justamente para serem retiradas ou reorganizadas, e foi retirado da contrapartida do socioambiental, e entendemos que um Projeto como esse não pode não se dedicar e dar tranqüilidade de vida para aquelas 250 famílias que estão na Vila dos Sargentos em áreas, sim, de risco e inundação geológica. Foram retirados, infelizmente, e temos que cobrar do Executivo para retornarem.

 

O SR. BETO MOESCH: Perfeito. Eu fiz um Pedido de Informações nesse sentido, porque ela tem que estar dentro do Socioambiental, porque se nós vamos tratar esgoto, e o Socioambiental é tratamento de esgotos, reassentamento de famílias nessas áreas, e a criação de novas áreas, como o Morro São Pedro; em contrapartida da unidade de conservação para o Socioambiental, 1.600 famílias sendo reassentadas no Arroio Cavalhada. Vejam, são ações, é um projeto, não é uma política.

Por isso estou apresentando uma Emenda - resolve? Não! - de três milhões de reais para o reassentamento de famílias em áreas de preservação permanente, para o Orçamento do próximo ano. Claro que é insuficiente, mas é justamente para trazer essa pauta; nós temos que pautar isso. Falam, que eu não sou contra, nem a favor, porque eu não entendo, não sou expert, sobre o Muro da Mauá, Ver. Dib, só que Porto Alegre não alaga em virtude do Delta do Jacuí, é por isso que Porto Alegre não alaga; claro que tem os diques, mas é em virtude de uma área de preservação permanente, instituída como parque, como reserva.

Finalizando, quero dizer que essa é uma questão de nós nos unirmos, pois vidas estão em jogo, vidas atuais e vidas futuras. Nós temos que, aqui, nos unir, como os americanos estão unidos para a sua crise financeira, e assim por diante. Nós temos que nos unir, porque, de uma vez por todas, nós temos que ter uma política que deve ser liderada pelo Ministério das Cidades, é esse o Ministério que deve liderar o movimento para reassentar famílias em área de risco e de preservação permanente, e congelar as áreas ainda remanescentes em nossas cidades. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Eu que agradeço, Ver. Beto Moesch.

O Ver. Mauro Zacher solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 27 de novembro a 01 de dezembro. A Mesa declara empossado o Suplente, Ver. Marcio Bins Ely, nos termos regimentais, que integrará a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude.

O Ver. Dr. Goulart já se encontrava em Licença para Tratamento de Saúde. A Mesa declara empossado o Suplente, Ver. Mario Fraga, nos termos regimentais, que integrará a Comissão de Economia, Defesa do Consumidor e Direitos Humanos.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Dr. Goulart.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, a nossa observações é que Santa Catarina, que enfrenta esta calamidade, Ver. Beto Moesch, não seja a ponta do iceberg. A esta Casa, ao longo do tempo, sempre compareceu uma grande figura na defesa da ecologia, o Professor José Lutzenberger. Eu, o Ver. João Antonio Dib, o Ver. Luiz Braz - que somos Vereadores que viemos de uma longa data -, aqui, com o Professor Lutzenberger travamos diferentes e diversas discussões. E o Professor Lutzenberger chamava a atenção, há quinze, vinte anos, com a irreverência, com o conhecimento e a veemência que possuía, no sentido de que as agressões que sofríamos, não só aqui no Brasil como em outros países, poderiam nos levar ao que, de umas décadas a esta, estamos assistindo: a natureza agredida, a natureza deprimida. Ela está reagindo, infelizmente, porque o homem não teve a necessária consciência na agressão ambiental. Coisas de que nós só ouvíamos falar que aconteciam em determinadas partes do Planeta, estão acontecendo, infelizmente, lamentavelmente, no nosso País. Nós só conhecíamos os temporais, os ventos fortes, mas tornados não conhecíamos. Tremor de terra, por exemplo, São Paulo registrou, no início do ano, um episódio. Nós só tínhamos notícias de tremores no Japão e em outros países. E, assim, há uma série de fatores que estão nos deixando todos numa situação extremamente preocupante. Percebam só o calor a que estamos assistindo, nesses últimos dias, que, nesta época do ano, é diferente do calor que tínhamos antes. Então, todo esse processo, infeliz e lamentavelmente, está se voltando contra o homem, que, ao longo do tempo, esqueceu essa questão fundamental, que é a própria vida. A ecologia, o ambiente é vida, por assim dizer, suportes para a vida, na medida em que se retira, Ver. Beto Moesch, esses suportes para a vida, essa começa a ficar comprometida. Então, são acontecimentos que estão preocupando a todos! As causas, sejam elas de que ordem forem, eu acho, não temos dúvidas, é a agressão que se faz ao Planeta, é a agressão que se faz ao equilíbrio ambiental, porque a natureza é um ser vivo que tem os seus equilíbrios, e em se alterados esses equilíbrios, ela entra em crise. Então, o que poderíamos dizer? É a natureza em crise, e reagindo, porque ela é extremamente poderosa, as suas dimensões são gigantescas, dada a força que ela detém. Nós estamos assistindo aos acontecimentos, todos envolvendo o equilíbrio ambiental, o equilíbrio ecológico. Então, é preciso que se grite aos quatro cantos, Ver. Claudio Sebenelo! A questão da camada de ozônio, por exemplo: o sol de hoje não é mais o sol de ontem, não é o sol de anos atrás, aliás, V. Exª que é médico sabe disso, e se fazem necessárias grandes e grandes campanhas contra o câncer de pele, em face do sol; furada a camada de ozônio, estamos aí todos expostos aos raios destruidores da própria vida.

Então, é um momento extremamente delicado que nós vivemos; estamos assistindo a tragédias e mais tragédias. Então, é a hora de o homem se conscientizar que, efetivamente, ele é muito pequeno, ele tem pouco poder diante da própria natureza, das erupções que a natureza é capaz, se não respeitada. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Ver. Elói Guimarães.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; colegas Vereadores, Vereadoras, pessoas que nos acompanham, exatamente hoje, quinta-feira, faz uma semana que aqui, nesta tribuna, eu trouxe uma série de denúncias com relação a assédio moral trazidas para a Comissão de Direitos Humanos da nossa Câmara. Havia três situações no DMAE, uma situação na Secretaria Municipal de Administração e houve a diligência do Ver. Garcia na tentativa de pedir esclarecimentos. Aquele funcionário que encaminhou um e-mail com a foto do seu rosto debochado e, depois, da sua genitália a um outro funcionário, seu subalterno, esteve no gabinete do Ver. Garcia. Foi dito a este Presidente que ele iria pedir, também, uma audiência na CEDECONDH, para passar a sua versão, e, até hoje, esse pedido não aconteceu.

Da mesma forma, na quinta-feira, mostrei o documento e denunciei que a Prefeitura de Porto Alegre comprou dez garrafas de champanhe, e até hoje eu estou esperando algum esclarecimento da base do Governo Fogaça. Dez garrafas de champanhe foram compradas em nome de uma funcionária também da SMA, e, até agora, apenas silêncio! Mas este Vereador não vai deixar em silêncio.

Hoje, recebo através do meu endereço eletrônico mais uma denúncia de assédio moral. Uma funcionária, de nome Ilisolete, há 27 anos funcionária concursada da Prefeitura, que quando trocou o seu chefe, começou a sofrer assédio. Primeiro, ela procurou o Secretário da Fazenda; não resolveu, não foi recebida. Procurou o Prefeito, foi recebida por assessores, não aconteceu nada. Ela mandou uma carta para o Prefeito, deixou passar a eleição para não confundir, pois ela diz que não tem nenhuma vinculação partidária. E está aqui mais uma denúncia. Ela foi tirada do seu setor simplesmente porque começou a não aceitar algumas determinações do seu chefe. Ela foi também proibida de voltar ao seu setor e, quando foi cumprimentar um colega pelo aniversário, foi praticamente expulsa do seu antigo setor - está aqui o nome, número de processo, e assim por diante. Ver. Dib, V. Exª tem experiência administrativa na Prefeitura: essa está sendo uma situação espraiada na Prefeitura de Porto Alegre. E cada vez que eu anuncio, alguém vem, vem mais um, mais um e mais um - eu não estou procurando nada, as pessoas têm vindo trazer a situação.

Portanto, eu quero que os senhores - tenho certeza de que não concordam com isso - ajam, porque o autoritarismo está grassando: se a pessoa não baixa a cabeça, logo é punida, escanteada, tirada do setor, e assim por diante.

Mas quero falar sobre um outro assunto, também trazido à CEDECONDH, que diz respeito a nossa vizinha Vila do Chocolatão. Fizemos, em setembro, uma audiência, a pedido da comunidade, porque há um projeto de reassentamento. O Engenheiro do DEMHAB esteve aqui, mostrou o projeto, mas a comunidade não conhece esse projeto, não conhece a área em que o DEMHAB quer colocá-los. É uma coisa absurda; eles não conhecem nada! Ele disse aqui - está tudo gravado - que, se tudo andar bem, ainda levará dois anos. Portanto, durante dois anos a comunidade ainda ficará aqui, então deve haver melhorias aqui.

Mas eu quero falar para os senhores que há tempos o DEMHAB construiu alguns banheiros. Nós fomos depois ali na Vila conhecer a situação. As lideranças disseram que os banheiros estavam entupidos, que a situação estava complicada. E, a partir disso, durante todas as semanas falávamos com o CAR, e olhem a situação. (Mostra fotografias.) Quero mostrar para as nossas câmeras e para os colegas Vereadores: aqui aparecem os banheiros - tudo entupido, Ver. Luiz Braz -, aqui ao lado há um parquinho, seriam três brinquedos para as crianças, mas olhem a situação: isso é esgoto cloacal e as crianças passando! Olhem uma outra fotografia que nós tiramos lá: as crianças pisando no esgoto cloacal - não vou dizer a outra palavra aqui porque é forte -, pisando no excremento. E não se tem uma iniciativa! O meu Gabinete já falou três vezes com o CAR Centro. Nada é feito, nem pelo DMAE, nem pelo DEMHAB, e a situação é essa! As crianças estão pisando nos excrementos, no esgoto cloacal!

Então, eu não quero ser oposição por oposição, mas não posso admitir uma situação dessas por falta de iniciativa, por falta de trabalho, por falta de interesse! Eu já disse aqui, e vou repetir: a velocidade da Administração Municipal é de uma tartaruga manca, e eu sempre digo isso porque tenho provas. Nós estivemos lá com o responsável pelo CAR, pelo DEMHAB, e isso aqui já faz três semanas e continua assim. Então, já que a gente não consegue que funcione, eu peço aos Vereadores da base do Prefeito Fogaça: por favor, nos ajudem! Porque não é possível continuar numa situação dessas. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Solicito a abertura do painel eletrônico, para verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Haroldo de Souza. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) Onze Vereadores presentes: Ver. Guilherme Barbosa, Ver. Haroldo de Souza, Ver. Carlos Comassetto, Ver. João Antonio Dib, Ver. João Bosco Vaz, Ver. Dr. Raul, Ver. Luiz Braz, Ver. Mario Fraga, Ver. Beto Moesch, Ver. Bernardino Vendruscolo e este Vereador. Não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h18min.)

 

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